quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

gastronomia

Gastronomia de são paulo

Nos anos 50-60 a cidade de São Paulo era desprovido de muitos restaurantes de nível social para a sociedade mais abastada. Restaurantes onde poucos tinham acesso, devidos aos altos preços, era o Fasano da avenida Vieira de Carvalho. Mais tarde já nos anos 60 havia uma filial do Fasano na avenida São Gabriel, no Jardim Paulista, em frente a igreja do mesmo nome. Na Rua Nestor Pestana, havia o Gigeto que abrigava os espectadores do Teatro Cultura Artística, e mais tarde todo o pessoal que freqüentava a TV Exelcior arrendatária do Teatro, onde ficava o auditório da emissora. A rua Avanhandava também tinha seus restaurantes bastante procurados pela sociedade. Em termos de Pizzaria o Paulino era o nome de destaque. Essa pizzaria era a que tinha o conceito da melhor Pizza da cidade de São Paulo. Não se esquecendo da doceira Viena na Rua Barão de Itapetininga, onde as madames da sociedade abastada, iam tomar o famoso Chá das Cinco, imitando o que se fazia em Londres. No centro da cidade, vários restaurantes de porte médios e populares se concentravam no chamado "centro novo" que era a parte oposta da cidade em relação a praça da Sé. Ou seja o quadrilátero Av. Rio Branco, Rua Sete de Abril, Av. Duque de Caxias e Vale do Anhangabaú. Tendo no miolo, as avenidas São João, Ipiranga. Ruas, Barão de Itapetininga, 24 de maio, Conselheiro Crispiniano e Don José de Barros, incorporando o Largo do Paissandu, com a sua majestosa igreja do Rosário. Os restaurantes chamados populares, e que os pratos eram baratos, em que os trabalhadores dos escritórios e lojas faziam suas refeições, eram o UM DOIS FEIJÃO COM ARROZ, e TRÊS QUATRO FEIJÃO NO PRATO, ambos na avenida São João. No vale do Anhangabaú também tinha um respeitável restaurante na esquina da Av. São João próximo a Praça Antônio Prado onde tinha (ainda tem) o coreto com alguma atração musical. Mas as casas de lanches era o que mais concentravam as pessoas, principalmente aos domingos, dia reservado a ir ao cinema. Para quem gostava de pastel a pastelaria dos chineses, na esquina da São João com o vale do Anhangabaú. Já na calçada do cine Dom Pedro II, era um prato cheio literalmente falando, porque a maioria comprava no mínimo meia dúzia de pasteis, que vinham num prato de alumínio. Na avenida São João quem saia do cine Metro não deixava de dar uma entrada na Kibelândia, para comer Kibe frito ou Cru. Mas a casa de lanches preferida de todo o povo que ia ao centro da cidade de São Paulo era a Salada Paulista, na avenida Ipiranga, em frente a praça da República. Tudo ali era de primeira qualidade, desde a comida, aos sanduíches, as lingüiças fritas no rolê de alumínio gerido pela eletricidade e também a gentileza e singeleza dos seus garçons, que anotavam na pedra de mármore do balcão o quanto gastariam os clientes. Nem mesmo a falta de cadeiras ou bancos era motivo de deixar de entrar na Salada Paulista. A colher de chá em termos de acomodação, era o cadeirão para colocar as crianças e aliviar o colo das mães. Perguntado do porque a Salada Paulista não tinha cadeiras ou bancos, e todos tinha que encostar o umbigo no balcão. O proprietário, um senhor português, disse: Sabe se tem cadeiras ou bancos, vem cá um GAJO com sua RAPARIGA, pede uma guaraná e um sanduíche de mortadela, e se põe a ficar por duas horas batendo papo. De pé já fica mais difícil né? Ao fundo da lanchonete tinha um mural de azulejos com a efígie do dono da Salada Paulista. A concorrente da Salada Paulista, era a salada Record na avenida São João, metros antes do Cine Metro. Mas não tinha a mesma freqüência e nem o glamour, da outra. Mas se não tinha tanta freqüência, mesmo por que o espaço era menor, o mais romântico Bar e Lanches da cidade, era o PONTO FRIO, no Largo do Paissandu. Ali era reduto de grandes intelectuais, os estudantes das arcadas do Largo de São Francisco, que nos anos 30, reuniam-se para conversar fazer poesias. No Ponto Frio foi onde nasceu o famoso sanduíche BAURU. Quem contava a historia era Abreu Sodré (Roberto Costa de Abreu Sodré), na época estudante. Mais tarde deputado estadual. Presidente da assembléia legislativa e nomeado governador de São Paulo em 1971. Nos bate papos era comum comerem o tal misto quente ou frio. Era um pão Francês, queijo e presunto. Um dia o Casemiro de Abreu estudante nascido em Bauru, e chamados por todos pelo nome da cidade, mandou o garçom colocar uma folha de alface e um rodela de tomate, junto ao queijo e presunto. Isso chamou atenção de todos que ali estavam. Não demorou muito para que alguém grita-se. Garçom, faz um sanduíche para mim, igual ao do BAURU. Pronto todos começaram a pedir garçom me faz um Bauru ? e ai o nome pegou. Outra coisa interessante que tinha no centro da cidade e que muita gente apelava principalmente pela manhã eram as leiterias. Só na rua Conselheiro Crispiniano tinha três. E ali não tinha mendigaria não. Era cada copaço de leite que dava gosto. Tinha também os chás gelados, feitos em espaços minúsculos, que dava água na boca a mais famosa casa de chá gelado, era na avenida São João um pouco antes da avenida Ipiranga a direita, de quem ia para a avenida Duque de Caxias. Já nos bairros posso dizer das cantinas do Bexiga onde rolava as maiores massas da cidade. Pelas imediações da minha casa. Na avenida Santo Amaro tinha o famoso Chico Hambúrguer, que nos anos 60 podia se igualar ao Mac Donalds de hoje. Principalmente aos domingos quando da saída da seção das 10, do Cine Radar. Tinha o mesmo tanto de gente em pé esperando os sentados desocupar um lugar. Na Vila Olímpia tinha o Bar Deixa de Onda, onde se concentrava o rebotalho da Vila, muitos quando não estavam na casa de Detenção estavam lá fazendo misérias. Já em termos de Restaurante e Pizzaria Zé Carioca, era imbatível na zona sul. Foi lá que na porta do banheiro onde poetas de latrina escreviam suas besteiras. Até que um dia apareceu um poeta com seriedade. Em meio a montoeira de bobagens, esse anônimo serio escreveu: MENTALIDADES PUTREFATAS DE PENSAMENTOS SÓRDIDOS, GUIAM DEDOS NESTA PORTA, EXPONDO-SE, AO NEGRUME DE SUAS IDÉIAS.Mário Lopomo

Um comentário:

Anônimo disse...

esta natureza sempre em mudanças...